sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O Parto e a ajuda necessária!

Devorei em dois dias o novo livro da Laura Gutman "Amor o Dominación: Los estragos del Patriarcado". Ele é contundente, realista, verdadeiro, profundo, pra quem tem coragem de se olhar sem desculpas!

Chorei em algumas partes e lia em voz alta com meu marido, outras tantas! A cada página virada, eu só dizia: "Caraaaaacaaaa! É isso!" Ela escreve como se estivesse conversando conosco, nua e crua, sem rodeios, o que precisa ser dito em uma conversa de adultos, lembrando sempre que a maioria das vezes, quem reage é nossa criança interior!

Destaco dois trechos, que para mim foram emocionalmente importantes:
"A anestesia em que vivemos a maioria das mulheres desde nossa mais tenra infância, produz que, massivamente, rejeitemos qualquer proposta que convide a conectar com o ser interior e com o genuíno poder feminino ligado a vibração espontânea do corpo. Por isso não se trata de "lutar" a favor do parto natural. Sim, vale a pena informar! Entretanto, hoje em dia, em que temos acesso a todo tipo de informação somente com um clic, isso não basta para que uma mulher, com o corpo congelado e afastada de seu mundo emocional, encontre alguma vantagem em parir conectada com a sua dor.
Tenho sido testemunha de cenas nas quais uma mulher, exultante com sua experiência de parto em casa em total sintonia com o Universo, tenta relatar as vantagens dessa decisão, esperando assim convencer a outra mulher grávida de que faça algo que para ela fi tão genuíno, revelador e extraordinário. O resultado é que não funciona. Isso não interessa em nada a grávida que a escuta. E quanto mais insiste a parturiente envolta em seu próprio êxtase de felicidade, mais a grávida se agarra a seu médico convencional, que lhe assegura continuar sua vida dentro dos mesmos parâmetros que vivia antes de engravidar.
Assim, se somos uma mulher "normal" convencional, tendo sobrevivido a uma infância como todo mundo, nem a pior nem a melhor, vamos querer atravessar o parto como passamos nossa vida: resolvendo-o dentro de parâmetros conhecidos. E anestesiada, se temos de pagar custos corporais e emocionais, justamente porque estamos separadas a respeito de nosso corpo e de nosso território emocional."

Ela segue dizendo que é importante que nos preparemos emocionalmente e façamos um mergulho em nossa história e posicionamentos de vida para conseguirmos nos libertar de tudo o que é "comum" e que no fundo não condiz com nossa essência e nossos mais profundos desejos, mas que seguimos fazendo tal qual nos foi colocado culturalmente, porque é mais "seguro" fazer o que todo mundo faz e diz, porque não precisamos nos colocar (ninguém duvidará) e, consequentemente, não precisaremos nos responsabilizar pelas coisas. Demais! 
Se queremos fazer algo por essas mulheres (muitas são nossas amigas, família, ou só porque são mulheres e merecem respeito) que ainda acreditam nesses cesaristas inescrupulosos, precisamos ajudá-las a ter contato com seus sentimentos mais escondidos, suas emoções e sua força, ter consciência de seus corpos, medos e fantasias. Isso porque depois de termos filhos, seremos cobradas de alguma forma a estarmos conectadas, então que seja uma preparação para ANTES de tê-los e estarmos mergulhadas até o pescoço e não conseguirmos o distanciamento necessário para responder seguras e harmoniosas.

Outra parte que me tocou intensamente, justamente porque caí nessa lábia de cesarista e depois fui me dando conta, momento a momento, cada ação desnecessária e cada desrespeito "velado" atrás de uma conduta ou um serviço "de melhor qualidade" na cidade. O subtítulo é "A massificação dos partos: outra estrada por onde transitamos todos". Vejam no próximo post.

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