domingo, 1 de abril de 2012

Gritos, birra e agressividade?

Vexame no shopping, filho dando tapas nos pais, choro por qualquer motivo, pais com a paciência esgotada, ataques descontrolados dos filhos, vergonha dos olhares alheios? Atire a primeira pedra quem nunca passou por isso com filhos maiores de 1 ano...Sabe quando a menor contrariedade vira uma catástrofe de proporções gigantescas (ainda mais na frente dos outros!)? Calma, você não é uma mãe horrível que está esgotada, nem a única que passa por isso! Na verdade isso faz parte do desenvolvimento SAUDÁVEL de nossos filhos!

O que? Saudável? Isso mesmo! As crianças aprendem seus limites e os dos outros indo em direção onde querem e percebendo até onde podem ir. Por volta de 1 ano e meio, começam a experimentar seus limites e formar sua autonomia! Eles precisam experimentar isso para saberem o que é bom e mau, certo e errado.
Remédio para isso? A criança precisa ver que você o escuta, o ama, o aceita e compreende! Mas atenção! Isso não significa fazer o que ele quer na hora que achar que pode! O adulto precisa ensinar a seu filho uma maneira menos catastrófica de agir! Se entendermos que é uma fase de aprendizado e os ajudarmos a direcionar seus sentimentos e ações, eles serão muito bem sucedidos (e com certeza isso passa!).

www.gettyimages.com.br
Mas como fazer isso??? Depois que o ataque de fúria dele já se instalou, deixe que ele jogue toda sua energia fora, até que canse! Só depois disso ele conseguirá abrir os olhos, respirar e ouvir o que você tem a dizer a ele! Mesmo assim, sua atitude firme (e amorosa) pode suscitar raiva nele, a ponto de ele não perceber a diferença entre um tapa e uma brincadeira. Eles precisam entender a consequencia de seus atos ruins de forma amorosa, e aprender que não são os donos do mundo e mais, que devem se importar com os outros também, isso é básico para que sintam-se incluídos de forma feliz na sociedade!

Segundo Stimpson e Parker, do excelente  livro Criando Filhos Felizes, há como evitar esses confrontos:

1. Deixe seu filho gastar sua energia física, brincando ao ar livre, correndo!
2. Evite cercar seu filho com "nãos" desnecessários, deixe que ele exercite sua autonomia (com segurança dos seus cuidados)
3. Distraia seu filho com coisas que ele gosta, deixe que participe do que você está fazendo;
4.Se uma encrenca começa a se armar, descubra logo o motivo dela enquanto a situação ainda está calma, para poder conversar com a criança;
5. Se isso não der certo, distaria-o com algo que você (certamente) vai estar carregando "na manga", como um brinquedinho ou um bloquinho e lápis de cor;
6. Regras e recados devem ser claros: ao invés de:"Que bagunça!", diga:"Quero ver quem consegue guardar  isso mais rápido!" e você está junto dele!
7. Ensine seu filho a pedir, ao invés de exigir. Aquelas velhas palavrinhas podem ser ensinadas desde cedo, por favor e obrigada você ensina falando também!
8. Evite situações difíceis: se não quer comprar brinquedos, não passe em frente a loja desses com seu filho!
9. Cuide de você, descanse, peça ajuda: lidar com isso não é nada fácil, ainda mais quando se está esgotada!

Se não deu para evitar, o livro ainda ensina os seguintes passos:

1.Nossos filhos estão sentindo coisas e aprendendo a lidar  com elas, se quem deveria ensinar o que fazer começar a gritar, é isso que ele aprenderá!
2. Em meio a berros, seu filho não escutará nada. Espere que ele pare de gritar (respire fundo muitas vezes!) e fale calmamente que ele é inteligente e pode se comportar de outra forma! (Fácil? Nananão! Exercício diário!)
3. Não ceda a exigências irracionais! Ceder significa: continue agindo assim, que você consegue o que quer!
4. Leve seu filho para um local calmo para que a platéia não perturbe ainda mais a você e a ele!
5. Reconheça e ACEITE os sentimentos de seus filhos, dessa forma estará demonstrando que não reprova as emoções dele, e sim o modo como está expressando!
6. Demonstre seus sentimentos com honestidade: se fingir estar calma e fervendo por dentro, eles perceberão! Diga a eles, com voz baixa, que está muito zangada e que não gosta disso. Tenha certeza que eles entendem muito mais isso do que uma mensagem conflitante;
7. Ignorar? Você saberá quando deve agir! Diga a ele que sabe que ele deve estar passando por um momento difícil, que você o ama e que essa não é uma forma bacana de agir, e depois não olhe mais até que ele se acalme!
8. Perceba se seu filho gosta de ser tocado ou não e o abrace se isso o fizer acalmar!
9. Quando tudo terminar, converse com ele, explicando o que ele sentiu e como deveria ser: "Você está zangado porque não pode correr agora, gritar não vai te ajudar a fazer o que quer, além de deixar a mamãe muito brava! Da próxima vez, tente dizer o que quer e vamos conversar!" Simples? Não! Vamos ter de repetir MUITAS vezes essa conversa! Se não for assim, ele não aprenderá que tem outra forma de agir.
10. Vale a máxima: "Não bato em você e você não bate em mim (ou em qualquer outra pessoa). Mas lembrem-se que as crianças tem heróis que batem, e que conseguir um brinquedo batendo é muito fácil! Eles só precisam aprender que podem fazer de outro jeito!

O mal comportamento do filho pode apenas estar indicando que ele esteja cansado, com fome, ansioso e com alguma necessidade não realizada. Assim que os pais compreenderem e suas necessidades forem atendidas ou for explicado a ele, de forma clara e curta por que não pode agir de determinada forma, com certeza ficará mais calmo. A negação (do seu filho) é seu modo de afirmar que está tomando posse de sua autonomia. Use e abuse de uma FIRMEZA AMOROSA para acolher e ensinar por onde andar com segurança!

Ajude as crianças a desenvolverem a habilidade de expressar seus próprios sentimentos. Os pequenos que não conseguem expressar suas frustrações por meios de palavras o fazem por meios de ações, ou seja, gritam, se atiram no chão, choram, batem...se seu filho tem até cerca de 5 anos, nada disso significa que ele é "mau" ou "se comporta mau". Ele apenas está expressando o que sente da forma mais primitiva, como sabe fazer. Quem vai ensiná-lo a perceber seus sentimentos e emoções e mostrar uma forma mais saudável de agir, somos nós adultos, e não será com punição, pois esse tipo de ação sobre eles, quando ainda estão aprendendo sobre como agir, faz com que as crianças aprendam a não respeitar seus sentimentos e agir para agradar aos outros, e isso causa estragos na vida adulta que todos nós conhecemos!

Dicas de livros sobre o assunto:
Além do já citado "Criando Filhos Felizes" (que tem uma linguagem acessível a leigos), tenho como livro de cabeceira o "Infância, a Idade Sagrada" de Evânia Reichert (que tem uma linguagem mais acadêmica), o renomado Içami Tiba (com sua leitura fácil) em "Quem ama, educa!". E para quem lê em espanhol, tenho ainda a maravilhosa Laura Gutman, com livros como "La familia nace con el primer hijo".

Espero ter ajudado!
Um beijo, Ju