quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Aleitamento e Complemento: Importante pensar!

Quantas mães não ouvem dizer que depois de determinada idade já não precisam  

amamentar porque o seu leite deixa de ter benefícios? A OMS recomenda que se amamente

em exclusivo (apenas leite materno) até aos 6 meses e que se prolongue, em conjunto 

com outros alimentos, até pelo menos 2 anos de vida da criança.



Minha amiga e parceira de uma jornada bacana, Ligia Moreiras Sena, que eu gostaria de conviver muito mais, escreveu um texto MARAVILHOSO sobre Aleitamento e Complementação, sob o cuidado e embasamento de quem é pós doutora e sabe MUITO BEM o que está falando. Ela lançou, em Junho, uma postagem coletiva sobre o assunto e por ocasião disso, pesquisou e encontrou um texto de Marina Ferreira Rea, intitulado "Substitutos do Leite Materno: Passado e Presente" que recomendo muito, mas peço licença para a Ligia e deixo-as com o importante texto dela, para que todos possam ter informação correta e criticidade necessária sobre a industria da medicina:

Aí vai o texto da Lígia, do Blog Cientista que virou Mãe: ela faz uma introdução dizendo como encontrou o texto da Marina, resume algumas idéias interessantes da pesquisa e, como só ela sabe fazer, discorre sobre o assunto com conhecimento de causa. Agradeço à Lígia!!!

"A despeito de ser um texto relativamente antigo, de 1990, é absolutamente atemporal. Traça todo o histórico da criação e propagação comercial e social dos substitutos do leite materno. E é um daqueles artigos que, durante a leitura, vai te dando vergonha de fazer parte da espécie humana, que muitas vezes é Homo nada sapiens. A história dos substitutos do leite materno é uma história mais ligada ao comércio que à saúde, sinto lhes dizer... E é uma história muito feia.
Nesse artigo, há uma diversidade de informações essenciais, daquelas que todo mundo precisaria ter acesso.
Por exemplo:
  • historicamente, quando um bebê não era amamentado por sua mãe - o que por si só já era um evento raro - era o leite do peito de outra mãe que o alimentava. Eu, particularmente, gostaria de estar vivendo num mundo em que as amas-de-leite não fossem mais artigos raros. Talvez tenha sido por isso, também, que fiz questão de doar muitos e muitos litros de leite para o hospital infantil da cidade, quando a minha produção ainda não havia se regularizado;
  • o primeiro a recomendar o uso do leite da vaca como alternativa ao humano foi um médico chamado Underwood. Sabe quando? Em 1784. O interessante é notar o contexto histórico da época: as mulheres burguesas e as que tinham melhores condições financeiras recusavam-se a amamentar seus filhos, vejam só que coisa...
  • foi um outro médico, chamado William Cadogan, que, embora defensor do aleitamento natural, instituiu a regularidade das mamadas, ou seja, que os bebês fossem alimentados em horários fixos, a cada 4 horas. Foi ele também que "proibiu" as mamadas noturnas. E você sabe por quê tantas regras? Porque ele, pessoalmente, acreditava que alimentar um bebê era um momento de lhe passar uma infecção. Meio problemático esse doutor, não? Isso no século 18, tá? Então, minha querida, se você é daquelas que colocou horário para a mamada porque sua doutora disse que era pra fazer assim, sinto lhe dizer: você não é nada moderninha, você é antiquada pacas. Ouso até dizer que você é demodê, baby, datada mesmo. Sai dessa, fofa. Vem pra modernidade. Seu bebê não é relógio. Ele é um bichinho. E, como tal, tem fome a qualquer hora;
  • essa parafernalha toda de fórmulas, complementação e tal começou com o leite condensado - que não era propriamente o leite condensado que a gente conhece hoje. Mas foi difundido comercialmente por uma empresa cujo nomezinho você conhece até hoje: Nestlé. E só foi difundido assim tanto porque coincidiu com o momento da revolução industrial, quando as mulheres passaram a trabalhar grandes cargas horárias, mesmo na época da amamentação. O seguinte trecho, inclusive, está nesse excelente artigo:
"Page, um americano que formara na Suíça a Anglo-Swiss Condensed Milk Co., supôs corretamente que o leite condensado produzido podia ser estocado e utilizado pela população em crescimento da Inglaterra no período da industrialização". 
Ou seja: o substituto do leite materno não foi feito "com carinho, com amor, para mães alimentarem, também com amor, seus filhos". Foi feito pra população cair de boca no trabalho. Foi feito pensando no crescimento da industrialização, do capitalismo selvagem. Quando certas indústrias, portanto, usam o slogan "Faz bem", não está mentindo. A questão é: faz bem pra quem, neném?

  • o artigo também chama a atenção para a relação digamos, "íntima", que existe entre os fabricantes de substitutos ao leite materno e os médicos. A autora cita, inclusive, uma outra referência para dizer que
"os fabricantes vendem, mas os médicos controlam: uma relação mútua vantajosa entre médicos e companhia de alimentos infantis está estabelecida". E afirma que essa mesma referência utilizada sugere que os médicos estão desejosos de cooperar porque vêem na alimentação artificial um meio de controlar os pacientes "porque estes passariam a procurá-los mais".
Se, nesse momento, você está achando tudo isso muito exagerado, vou te contar uma coisa. Eu perdi as contas do número de mulheres que já me contaram terem saído da maternidade com uma prescrição de NAN. Sabe? NAN? Aquele complemento que é dado quando a mulher não consegue produzir leite suficiente, ou quando não é bem orientada, ou quando simplesmente não quer amamentar? Tem muito médico por aí sim senhora prescrevendo NAN como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Mais natural do mundo? Peraí, senhor doutor. Alto lá. O mais natural do mundo é amamentar. Dar complemento não é natural. Complementação deveria ser utilizada APENAS e SOMENTE quando a mãe, por diferentes motivos, não está conseguindo produzir leite em quantidade suficiente. E concomitante a tantas técnicas e compostos lactogogos (que induzem a lactação) que existem. Eu, que sou doutora mas não sou médica, conheço vários, imaginem vocês que estudaram para isso - ou que deveriam ter estudado, pelo menos...

Dar receita de complementação para uma mulher que tem total condição de amamentar é ir contra o "a ninguém darei por comprazer nem remédio nem um conselho que induza a perda", do juramento de Hipócrates. Ou, ainda, é agir contrariamente à Declaração de Genebra, quando esta diz "não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza".

Não se engane você, distinta e consciente mãe que utiliza complementação por não ter podido amamentar - a despeito de querer muito -, pensando que foram feitos para você e seu filho. Não, não foram. Os substitutos ao leite materno foram desenvolvidos pensando naquelas mães que OPTARAM por não amamentar. Porque aquelas que, por razões diferentes, não conseguiram amamentar, tinham seus filhos alimentados por outras mulheres, por mães-de-leite, por amas-de -leite. As fórmulas e complementações tiveram sua origem visando especificamente um público: as mães que NÃO QUISERAM amamentar.

Uma mulher que não quer amamentar está negando ao seu filho o direito básico da melhor saúde que poderia ter desde o nascimento. E não, essa não é a minha opinião, essa é uma constatação. E é pra você, ó nobre senhora, que toda essa parafernalha midiática é feita.

A complementação, os substitutos ao leite materno, salvam muitas vidas e, quando bem administrados, mostram incontáveis benefícios. E é para isso que deveriam ser utilizados. No entanto, existem muitos estudos mostrando que a quantidade de bebês que realmente necessita dos substitutos ao leite materno é muito pequena. A autora do artigo que menciono neste texto, inclusive, faz o seguinte comentário:
"os lucros das companhias, entretanto, não teriam sido auferidos se só este mercado [os dos bebês que realmente precisam de complementação] fosse atingido. Daí a tarefa de criar nas mães (e nos médicos) a "necessidade" de tais produtos formulados ter sido dever bem cumprido através das técnicas de "marketing" por todos esstes últimos cem anos. A imagem do produto perfeito, que leva a bebês robustos e facilita a vida da mulher, é vendida com toda a sofisticação e invade os vilarejos mais distantes". 
Eu não precisei oferecer complementação à minha filha, com a graça da Deusa das Divinas 
Tetas, a quem agradeço todos os dias com toda devoção. Se precisasse ter oferecido por não ter podido amamentar, faria com a consciência tranquila de estar fazendo o que é melhor pra ela, depois de tentar tudo o que fosse possível para amamentar. Mas não me deixo ser pescada por outros produtos dessas mesmas indústrias. E é por isso, também, que eu não ofereço à minha filha nenhum tipo de alimentação pronta de indústrias como essas. Nenhum potinho. Porque acho que já tem mulher demais sendo pescada pelas promessas de aparente facilidade e saúde "enfrascada".

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O choro das crianças por Laura Gutman

Já falamos algumas vezes sobre o Choro das Crianças. É um tema que tira o sono e, muitas vezes, a estabilidade das mães (se bem que na maioria dos casos, como diz a própria Laura Gutman, nós já estamos instáveis, os pequenos apenas refletem essa instabilidade para nós mesmas...)

Aqui temos um vídeo curto, mas com dicas muito bacanas sobre como podemos encarar o choro dos nossos pequenos:

É um vídeo não listado, por isso, é preciso acessar no youtube através deste link:
http://youtu.be/hb6BML_XUbU

Livre tradução:
"...Meu filho chora todos os dias antes de ir à escola.Não sei mais o que fazer para que vá feliz...
Para começar, precisamos lembrar que a criança sofre. Por acaso precisamos de mais evidências? Mudemos a nós mesmas, ao invés de querer mudar a criança. Precisamos detectar se a professora é rígida ou autoritária, se as demais crianças são hostis,  se sente-se sozinho ou se passa horas demais na escola. Perguntemos a nosso filho o que ele gostaria e busquemos alternativas que possam satisfazê-lo. Deixemos de lado nossas posições sobre o correto ou incorreto. As crianças estão mais conectadas com seus seres essenciais, por isso podem traduzir aquilo que não está bem para eles. Se ouvimos nossos filhos e nos deixemos guiar por eles, dificilmente nos equivocaremos."